Era uma vez uma mulher que caminhava por uma trilha de pedras e silêncio. Ela ouvia os sussurros da alma, e seu coração era tão sensível que captava as dores dos outros como se fossem suas.
Um dia, ela viu um homem caído numa vala escura. Ele chorava, ferido, dizendo que não via mais sentido em continuar.
Ela se aproximou, ajoelhou-se e segurou a mão dele.
— “Eu te vejo”, disse. “E estou aqui.”
O homem, com os olhos marejados, perguntou:
— “Você pode me tirar daqui?”
Ela olhou ao redor. A vala era funda, as pedras escorregadias. Se ela tentasse descer, talvez também se machucasse. Mas ela lembrou de algo que havia aprendido com um Mestre em seus sonhos:
“Nem todo amor é carregar. Às vezes, o amor é apontar a escada.”
Com firmeza doce, ela respondeu:
— “Eu não posso descer. Mas posso te mostrar onde está a corda. E posso ficar aqui, enquanto você sobe.”
O homem, com esforço, agarrou-se à corda. Caiu, subiu de novo. E ela permaneceu ali, ao lado, orando em silêncio, dizendo para si mesma:
“Eu não sou a salvação. Mas sou a presença. E a presença já é um milagre.”
E assim, mesmo sem descer na escuridão, ela foi luz.
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Este é um conto simbólico e espiritual, inspirado no coração de quem acolhe com compaixão, mas precisa lembrar que não caminha só — e que indicar o caminho também é amor.
Reflexão: Para quem sente a dor do outro como se fosse sua
Talvez você seja como essa mulher da história — alguém que ouve o sussurro do sofrimento alheio antes mesmo que ele se transforme em palavra. Seu coração generoso quer estender a mão, curar, salvar.
Mas às vezes, ao tentar descer à dor do outro, você se esquece de si mesma. De que seu papel não é carregar o fardo alheio, mas sim iluminar o caminho — com presença, escuta e sabedoria.
A compaixão verdadeira não é se perder no buraco junto com o outro. É ser firme o bastante para dizer:
“Eu não posso descer. Mas posso ficar aqui, te encorajando a subir.”
Esse conto é um lembrete:
Você não caminha sozinha. E mostrar o caminho também é amor.
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