Ela sabia que ele a manipulava.
Sabia que mentia, que sumia, que voltava só quando queria alguma coisa.
E mesmo assim... ela pensava nele todo dia.
Não era burrice.
Não era fraqueza.
Era carência.
Ele não era o certo — ele só ativava uma dor antiga que ela nunca olhou de frente.
Uma dor de não se sentir vista, escolhida, importante.
Com ele, ela achava que ia ter isso.
Mas o preço era alto: cada vez que ele sumia, ela se diminuía.
Cada vez que ele ignorava, ela se perguntava o que fez de errado.
E cada vez que ele voltava, ela fingia que estava tudo bem.
Só que não estava.
Ela estava cansada.
Cansada de dar desculpas pro desrespeito.
Cansada de chamar migalha de afeto.
Cansada de chamar apego de amor.
Um dia, ela não sentiu mais raiva dele.
Sentiu vergonha de si mesma.
Mas ali começou a cura.
Porque entendeu que o buraco não era ele. Era o vazio que ele apenas expôs.
E aí, pela primeira vez, ela não bloqueou ele —
Ela se desbloqueou de si mesma.
Parou de correr atrás.
Parou de esperar.
E começou a fazer o que nunca tinha feito:
Se olhar com sinceridade.
Se respeitar na prática.
Se escolher de verdade.
Não foi da noite pro dia.
Mas foi real.
E, diferente dele, isso não passou.
REFLEXÃO
🌿 Ela ainda pensava nele. Não porque ele tinha sido especial — mas porque ele havia encostado exatamente onde já doía.
Não era sobre ele. Era sobre o buraco que já existia antes dele chegar.
Ela confundia apego com amor. Não por fraqueza, mas porque o corpo se acostumou a viver esperando migalhas de atenção, enquanto a mente criava histórias para justificar a ausência de afeto verdadeiro.
Não era amor. Era carência.
Ele apenas representava, sem saber, uma ferida antiga — aquela de quando ela aprendeu a se contentar com pouco, a acreditar que precisava se moldar para ser escolhida.
Como dizia Jung, tudo aquilo que nos prende de forma intensa está ligado a um conteúdo inconsciente.
Ela não estava presa a ele — estava presa à ideia de ser desejada, validada, reconhecida.
Se olhasse com mais verdade, veria que ele oferecia pouco. Quase nada.
E que, se fosse só pelo que viveu com ele, já teria ido embora há muito tempo.
🌸 Mas então chegou o momento de perguntar a si mesma, com honestidade:
• O que essa história ainda revela sobre minhas feridas não cicatrizadas?
• Onde foi que aprendi a aceitar manipulação como prova de amor?
• Por que ainda acho que não mereço algo leve, sincero, livre?
✨ Ela não precisava apagar o que sentia — mas precisava parar de se abandonar.
Não era sobre esquecer ele.
Era sobre lembrar de si.
🌿 Porque viver esperando ser amada é viver mendigando amor.
E ela não nasceu para isso.
Ela nasceu para lembrar quem é, por trás da carência: um ser inteiro, digno, completo.
A cura começou quando ela, enfim, se escolheu.
Sem desculpas.
Sem volta.
Com firmeza, com verdade, com amor.
🖋️ Carta para o Diário – Quando o coração ainda pensa em quem não te fez bem
Hoje ela decidiu escrever.
Não porque tinha superado — mas porque já não queria continuar se enganando.
Ela ainda pensava nele.
Mesmo sabendo de tudo.
Mesmo lembrando das mentiras, dos jogos, da sensação de estar sempre disponível para alguém que aparecia só quando queria algo.
Ela sabia que não era amor.
Era uma dor antiga.
Era como se ele tivesse tocado em uma parte dela que sempre esteve exposta, esperando ser olhada, cuidada, reconhecida.
Era o tipo de laço que parece forte, mas na verdade está amarrado ao passado — à carência de quando ela não foi escolhida, de quando precisou se esforçar demais para ser vista.
Agora ela entendia:
Ele não foi o problema. Ele foi o espelho.🪞
O reflexo do quanto ela ainda se colocava em segundo plano, esperando que o amor viesse de fora para curar um buraco que era de dentro.
E então, ela respirou.
E escreveu.
Escreveu para lembrar a si mesma:
• Eu não sou o que ele me fez sentir.
• Não preciso aceitar pouco só porque me sinto sozinha.
• A minha presença vale mais do que qualquer atenção vazia.
Ela percebeu que o processo não era esquecer.
Era enxergar com clareza.
Era iluminar a ilusão para que ela perdesse a força.
Porque quando a verdade entra, a carência começa a perder o controle.
🌿 Hoje, ela começa a se escolher.
Mesmo que ainda pense nele.
Mesmo que ainda doa.
Porque agora ela sabe: o amor que ela buscava nos outros, ela vai aprender a oferecer a si mesma.
✍️ Reflita no seu diário:
-
O que em mim ainda busca validação em histórias que me diminuem?
-
Que dor antiga essa pessoa reacendeu em mim?
-
Como posso começar, na prática, a me tratar com mais dignidade?
-
O que muda quando eu escolho sair desse ciclo — mesmo sentindo?
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