Dizem que, em algum lugar onde o vento canta entre as pedras e o sol racha o tempo, existe um deserto que esconde um altar.
Não é um altar comum. É feito de pedra antiga, coberto por um manto vermelho deixado por uma mulher que cruzou aquela terra em silêncio.
Ela chegou ali vazia. Sem certezas, sem promessas. Apenas o cansaço e a pergunta:
— Será que ainda existe vida em mim?
Ela havia perdido tudo — ou assim pensava. Fora expulsa das cidades por onde passava, enganada por aqueles que diziam protegê-la.
Teve sonhos em que era perseguida. Acordava com o coração em disparada, como se o perigo fosse real.
Mas ninguém via. Ninguém sabia.
Era ela e o deserto.
Naquela manhã, seus pés encontraram a mesa de pedra. O tecido vermelho dançava no vento como uma lembrança esquecida de coragem.
E sobre ele, estava o cajado.
Um bastão simples, com pedras verdes encrustadas, como olhos de esperança embutidos na madeira.
Ela hesitou. Não sabia se podia tocá-lo.
Mas então o vento sussurrou:
— Este bastão não é para quem tem certezas. É para quem carrega fogo mesmo quando tudo à sua volta é areia.
Ela segurou.
E no instante em que seus dedos envolveram o cabo, sentiu: não era apenas um bastão — era a memória de quem ela era antes do medo.
Chorou.
De pé no deserto, com o bastão em mãos, ela finalmente compreendeu:
— Eu não sou o que fizeram comigo. Eu sou o que ainda quero criar.
Ao longe, um grupo de árvores se revelava no horizonte. Um oásis. Talvez estivesse ali o tempo todo. Ou talvez só apareça quando alguém finalmente aceita sua missão.
Ela partiu.
Com passos firmes, cabelos ao vento, bastão na mão e um fogo silencioso reacendendo por dentro.
Moral da História:
Mesmo quando tudo ao redor parece seco, hostil ou sem saída, existe dentro de você uma centelha que nunca se apagou.
É no exato ponto do cansaço, da dúvida e do silêncio que o verdadeiro recomeço acontece — não porque tudo melhorou, mas porque você decidiu se levantar mesmo assim.
O bastão da sua vida só responde à sua mão.
Você não precisa esperar um salvador, uma permissão ou condições ideais.
A coragem de continuar já é o começo da transformação.
E o deserto?
O deserto ficou para trás.
Porque agora ela era a centelha que fazia florescer até o chão mais seco.
Reflexões para Quem Carrega Fogo Mesmo em Terras Secas
- O que em mim parece estar seco, abandonado, sem vida… mas ainda pulsa em silêncio?
→ Nem tudo o que está quieto morreu. Às vezes, o que você chama de estagnação é apenas silêncio fértil. - Que parte da minha história me ensinou a temer o meu próprio poder?
→ Você foi feita para criar, não para se esconder. Onde você deixou seu bastão de autoridade? - Qual é o bastão que eu preciso empunhar agora?
→ Pode ser a sua voz, sua criação, uma decisão adiada, um limite claro, ou o primeiro passo em uma direção que assusta e liberta ao mesmo tempo. - Quais medos têm me impedido de ver que o oásis está logo adiante?
→ Nem todo deserto é o fim. Às vezes, ele é só o teste final antes da travessia. - O que em mim ainda acredita que precisa da permissão dos outros para seguir?
→ O bastão da sua vida está nas suas mãos. E isso basta.
🌿 Para Anotar (com espaço em branco, se quiser fazer versão PDF/Planner):
- Hoje, a faísca que eu escolho honrar dentro de mim é: ___________
- O bastão simbólico que eu pego de volta é: ___________
- O primeiro passo em direção ao meu oásis será: ___________
- O que eu deixo no deserto, sem levar adiante: ___________
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