Pular para o conteúdo principal

Você não precisa beijar outra pessoa para trair.

 

Às vezes, basta ocultar conversas, apagar mensagens ou olhar para alguém como se você estivesse disponível.

Não se trata apenas do físico, mas do emocional: de tudo o que você faz às escondidas, como se o seu parceiro não merecesse honestidade.

Aquele flerte disfarçado de brincadeira, aquele "é só uma amiga" com desculpas demais, aquela necessidade de atenção externa quando já tem alguém que te ama de verdade... Isso também dói.

Porque cada pequena decepção vai enfraquecendo o que foi construído com confiança.

E mesmo que não haja gritos nem separações, o coração fica ressente.

Ninguém merece ficar com alguém que brinca de solteiro enquanto diz estar em um relacionamento.

Fidelidade não é só não tocar em outra pessoa.

é também não ferir com atitudes que você sabe que quebrariam o outro se descobrisse.

Porque o que é feito em segredo, mesmo que não consumado, já passou dos limites.


🌿 Nem Toda Infidelidade É Maldade

(um contraponto necessário)

É verdade que existem atitudes silenciosas que ferem mais do que uma traição consumada.

Olhares desviados, conversas escondidas, desejos não ditos — tudo isso pode minar a confiança.

Mas há um ponto que quase nunca se fala:

ninguém pensa em trair do nada.


Antes de se sentir atraída por alguém de fora, muitas vezes a pessoa já estava desconectada de dentro.

Não é sempre sobre o outro. Às vezes é sobre si.

Sobre estar se sentindo invisível, aprisionado, sufocado, desrespeitado em si mesmo ou até anestesiado pelo tempo.

E então… surge uma fagulha. Um olhar, um flerte, um desejo de ser visto de novo.


Nesse momento, a pessoa tem dois caminhos:

📝 1. Fingir que nada está acontecendo, se martirizar em silêncio e tentar reprimir o que sente.

📝2. Ou parar… e perguntar com coragem:

“_Por que estou me sentindo assim?”_

“_O que dentro de mim se afastou da verdade?”_

“_Essa relação ainda me nutre de verdade ou estou apenas sustentando um papel?”_

A fidelidade mais profunda não é a que finge não sentir.

É a que tem coragem de ser honesta.

Não só com o outro, mas consigo mesma.

Porque enganar com o corpo é uma dor.

Mas viver anos ao lado de alguém com o coração ausente, com a alma escondida, com os desejos sufocados, também é uma forma de traição.




O Coração Que Se Escondeu

Ela nunca imaginou que chegaria ali.

Nunca foi o tipo de pessoa que brinca com os sentimentos dos outros. Sempre foi fiel. Sempre acreditou no amor como escolha diária, não só como emoção passageira.

Mas, nos últimos meses, algo dentro dela começou a mudar — não de forma explosiva, mas sutil, como quem vai deixando de ouvir uma música que antes fazia dançar.

Primeiro foi o silêncio nas conversas. Depois, o toque automático. O olhar distraído dele no jantar, e o dela, que já não buscava mais.

E então aconteceu: ela se pegou sorrindo para outra pessoa. Sentiu o corpo reagir. Não houve beijo, nem promessas. Mas algo foi tocado por dentro.


A culpa veio como um trovão.

“Mas e ele? Ele é tão bom, tão fiel. Faz tudo por mim.”

“Que tipo de pessoa eu sou por sentir isso?”


Ela tentou afastar os pensamentos, apagar as mensagens, fugir do espelho.

Mas não conseguiu.

Porque mais do que a presença do outro, era a ausência de si mesma que doía.


Não era sobre o outro homem.

Era sobre o espaço vazio que ela vinha ignorando dentro de si.

O riso que deixou de dar.

Os sonhos que arquivou.

As vontades que não cabiam mais na rotina a dois.


Então, pela primeira vez, não mentiu pra si.

Se sentou com o próprio coração e perguntou:


“O que estou procurando fora que eu deixei de viver aqui dentro?”

“O que ainda é real entre nós — e o que é só medo de ferir?”

“Será que estou sendo fiel a mim?”


Porque sim, existe a fidelidade de não trair o corpo.

Mas existe também a fidelidade mais difícil: a de não trair a própria alma.


E foi ali que começou sua verdadeira lealdade:

não com os costumes, nem com a culpa,

mas com a verdade que pulsa, silenciosa,

dentro de todo coração que já quis fugir —

mas escolheu, enfim, escutar.



Reflexões Profundas – A Fidelidade com a Própria Alma

  1. O que eu estou buscando fora que talvez esteja faltando dentro de mim?
    (atenção, carinho, novidade, liberdade, escuta, leveza…)
  2. Em que momento da minha relação eu deixei de me sentir eu mesma (ou eu mesmo)?
    (quais foram os primeiros sinais de desconexão?)
  3. Será que estou tentando compensar uma carência que não tem a ver com meu parceiro, mas comigo?
    (algo antigo, não curado, que está se manifestando agora?)
  4. Estou sendo honesta(o) comigo sobre meus desejos, ou estou tentando me encaixar em um papel que não me representa mais?
  5. Existe espaço para que eu traga minha verdade à relação — ou eu já decidi em silêncio que não vale mais tentar?
  6. Que tipo de fidelidade estou cultivando? A que reprime desejos ou a que honra o que é verdadeiro, com amor e responsabilidade?
  7. O que seria, para mim, uma conversa honesta com o outro que não fira, mas que também não esconda mais?
    (como posso comunicar com verdade sem culpa?)
  8. Se eu fosse totalmente leal à minha alma, o que eu faria hoje?



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Jornada de Mariana: Do Medo à Autenticidade

  Mariana era conhecida por ser aquela pessoa que sempre estava disposta a ajudar. Se alguém precisava de um favor, ela era a primeira a se oferecer. Se seu marido preferia escutar música clássica, ela dizia a si mesma que isso também era o que ela queria. Se os amigos sugeriam algo que não fazia parte de suas vontades, ela seguia o fluxo, convencendo-se de que era melhor assim. Sua vida girava em torno de agradar os outros, e ela se convencia de que era feliz assim.   Se preferir ouça a história > aqui <  O Medo Escondido nas Pequenas Escolhas Enfim, Mariana adaptava seus desejos para agradar pessoa e evitar conflitos. Ela pensava que estava sendo generosa e solidária, atendendo às necessidades dos outros e se entregando nas relações. No entanto, o que ela não percebia é que essas ações, embora parecessem ser altruístas, estavam, na verdade, mascarando um medo profundo de ser vista como inconveniente ou de perder o amor e a amizade das pessoas à sua volta. ...

Sabedoria que Guia, Não que Impõe!

Seção 1   Seção 2   Seção 3   Seção 4 Seção 1  Estudos sobre o arquétipo do Hierofante (Papa) Rael e a Dança das Crenças: Quando Ensinar é Inspirar, Não Impor Rael dedicava seu tempo a estudar astrologia, ciclos lunares e a sinergia entre a Terra e o cosmos. Ele acreditava com tanta força nessas energias que, para ele, essas crenças eram tão reais quanto o sol e a lua que via todos os dias.  Rael amava compartilhar suas ideias e mostrar aos outros como interpretar o céu para entender melhor a si mesmos. ✏️Porém, esse lado do arquétipo do Hierofante tinha um aspecto sombrio: ele não aceitava com facilidade que as pessoas questionassem suas crenças . Quando alguém expressava dúvida ou se mostrava cético, Rael ficava frustrado, insistindo que seus estudos eram verdades universais , algo que todos deveriam entender e seguir. Certo dia, uma jovem chamada Lina, curiosa mas com uma visão própria, aproximou-se de Rael e lhe perguntou sobre os astros. Ela qu...

O Comentário que Mudou Tudo

Clara estava passando por uma semana difícil no trabalho. Um erro em um relatório importante havia causado transtornos, e mesmo tendo se esforçado para resolver a situação, ela ainda carregava o peso da culpa . Durante uma reunião, seu colega, Roberto, fez um comentário que a atingiu como uma flecha: — É claro que isso aconteceu. Você nunca presta atenção nos detalhes. O comentário tocou diretamente em sua vulnerabilidade. Clara sentiu o rosto queimar, como se todos os olhares estivessem sobre ela. A dor foi instantânea, uma mistura de vergonha e raiva. “Por que ele precisava dizer isso em público? ”, pensou, segurando as lágrimas. Naquele momento, Clara sentiu uma onda de indignação. Sua mente disparou pensamentos defensivos :  Ele não sabe o quanto me dedico! Quem ele pensa que é para falar isso?  A sensação de injustiça a tirou completamente do eixo. Entendendo a Situação Quando chegou em casa, ainda remoendo o episódio, Clara decidiu refletir. Lembrou-se de algo que leu e...