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O Segundo Dardo

Certa vez, um discípulo perguntou a Buda:

— Mestre, por que algumas dores parecem nunca ir embora? Por que certas mágoas ficam por tanto tempo em nós?

Buda respondeu com um olhar calmo:

— Imagine que alguém é atingido por uma flecha. Essa é a primeira dor. Natural, inevitável. Todos, em algum momento da vida, são feridos.

Mas depois, essa pessoa pega outra flecha e crava em si mesma — perguntando:

“Por que fizeram isso comigo?”

“Será que não sou digno de amor?”

“Como eles puderam me abandonar?”

“Será que vão me perdoar um dia?”


E assim, ela mesma continua se ferindo, todos os dias.


— O primeiro dardo é o que a vida traz. O segundo… é o que nós mesmos escolhemos manter.


Moral:

A dor passada já aconteceu. Mas o sofrimento presente é alimentado por nós, quando revivemos, julgamos ou resistimos ao que foi.

Talvez você não possa evitar o primeiro dardo… mas pode sim escolher não carregar mais o segundo. E isso muda tudo.


Perguntas Reflexivas para Soltar a Dor:

📝 Qual foi o primeiro dardo que me feriu — e qual é o segundo que continuo escolhendo carregar?

📝 O que eu ganho mantendo essa mágoa viva? E o que eu perco?

📝 Se eu não fosse mais definido por essa dor, quem eu seria agora?

📝 Será que estou esperando algo dos outros que, na verdade, só eu posso me dar?

📝 O que em mim ainda acredita que perdão é fraqueza, quando na verdade pode ser liberdade?

📝 Existe alguma parte de mim que já está pronta para soltar… só precisa de permissão?


_Desire Lahé_

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