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Mostrando postagens de junho, 2025

O Gato e o Homem

Numa casa no fim de uma rua qualquer, viviam dois seres que nunca se entendiam: o Gato e o Homem. O Gato era livre. Pulava telhados, gemia alto, provocava a noite com sua fome e seu cio. Amava o vento, a confusão, o instinto. Ninguém o segurava. Quando queria leite, miava; quando queria amor, arranhava. O Homem, por outro lado, vivia cansado. Vivia tentando manter a casa em ordem, o corpo em ordem, a mente em ordem. Mas não conseguia dormir. O Gato fazia barulho demais. Era sexo demais. Vontade demais. Vida demais. Todas as noites, o Homem jogava objetos contra o teto, tentava calar os gritos felinos. Não aguentava mais aquela criatura incontrolável. E o Gato, em troca, afiava as garras. Jurava que ia derrubar aquele Homem do trono. “Ele me reprime. Ele quer me domar. Ele quer silenciar minha natureza”, pensava. O conflito crescia. Até que um dia, uma telha caiu. Bem no centro da cabeça do Homem. Silêncio. Paz. O Gato andou pela casa como um rei vitorioso. Afinal, o dono havia morrido....

Ele foi embora sem aviso. Mas a pergunta é: por que eu fiquei ali tanto tempo?

Ela não entendeu quando aconteceu. Foram meses de conversas, toques, promessas. Palavras ditas com calma, com fé. Até Deus tinha sido colocado ali no meio — como quem sela algo sagrado. E então, do nada… silêncio. Sem briga, sem explicação. Um apagar de luz. Como se nada tivesse existido. Ela procurou, perguntou, rezou. Queria entender. Por quê? Até que veio uma frase dessas prontas: "Deus tira da nossa vida quem não nos merece." E aquilo deu um alívio momentâneo. Porque culpar o outro é mais fácil do que olhar pra dor real. Mais fácil do que admitir que ela, de novo, ficou esperando alguém que foi embora. Mas com o tempo, começou a perceber… Talvez a pergunta não fosse por que ele saiu. Talvez a pergunta fosse: Por que ela ficou presa à ausência de alguém que não ficou? Ela viu que aquela saída repentina só escancarou uma dor antiga: o medo de ser deixada. o desejo desesperado de ser escolhida. o costume de se doar por inteiro por migalhas de atenção. A...

“O Olhar Que Fez Ela Acreditar”

 ( Uma história sobre o encantamento por quem apenas passou ) Ela ficou com ele uma vez só. Uma conversa solta, um toque rápido, um olhar que durou dois segundos a mais do que o normal. E pronto. Desde então, ele mal fala com ela. Mas ela não para de pensar nele. Ela mesma se questionava: Como posso me sentir tão ligada a alguém que quase nem fala comigo? A verdade é que ele não fez muito. Mas fez algo que ninguém fazia há tempos: olhou para ela como se enxergasse algo além da superfície. E isso bastou pra acender algo dentro dela. Não era sobre ele. Era sobre o que aquele olhar despertou: a lembrança de uma parte dela que queria ser vista. Que cansou de se sentir invisível. Que estava faminta por reconhecimento. Foi aí que ela confundiu: achou que ele era especial… quando, na verdade, foi o sentimento de ser percebida que a fez se sentir viva. Ela percebeu que o nome dele era só o símbolo de uma ferida antiga: a de precisar da validação de alguém pra sentir que...

“Ele só apertou onde já doía”

  ( Um conto direto sobre a ilusão de amor e o eco da carência ) Ela sabia que ele a manipulava. Sabia que mentia, que sumia, que voltava só quando queria alguma coisa. E mesmo assim... ela pensava nele todo dia. Não era burrice. Não era fraqueza. Era carência. Ele não era o certo — ele só ativava uma dor antiga que ela nunca olhou de frente . Uma dor de não se sentir vista, escolhida, importante . Com ele, ela achava que ia ter isso. Mas o preço era alto: cada vez que ele sumia, ela se diminuía. Cada vez que ele ignorava, ela se perguntava o que fez de errado. E cada vez que ele voltava, ela fingia que estava tudo bem. Só que não estava. Ela estava cansada. Cansada de dar desculpas pro desrespeito. Cansada de chamar migalha de afeto. Cansada de chamar apego de amor. Um dia, ela não sentiu mais raiva dele. Sentiu vergonha de si mesma. Mas ali começou a cura. Porque entendeu que o buraco não era ele. Era o vazio que ele apenas expôs. E aí, pela primeira vez, el...

Agradecer sempre?

Essa imagem é uma *metáfora poderosa* que mostra o agradecimento como prática espiritual, e não como julgamento moral sobre o que é “*bom” ou “ruim”.* Quando você agradece o sol, está honrando os momentos de leveza, clareza, bênçãos. Mas quando agradece a chuva, você está reconhecendo que mesmo a dor, o desconforto, os “ataques” e as perdas têm algo a revelar , e isso é profundamente maduro espiritualmente. 🌿 A chuva, nesse contexto, é o que desenterra: • A dor que ainda pulsa em silêncio • O medo de ser rejeitada • O sentimento de não merecimento • A tendência a se calar para não incomodar Quando alguém “te ataca”, pode ser que seja pura projeção do outro. Mas se aquilo te *atinge profundamente, é sinal de que há uma fresta dentro de você que precisa ser vista, cuidada, curada.* E aí *entra o agradecimento* 🌧️ : não ao ataque em si, mas ao que ele te *revelou*. É um “obrigada” que vem de um lugar de sabedoria, tipo: “_Obrigada por me mostrar que ainda me afeto quando...

Você não precisa beijar outra pessoa para trair.

  Às vezes, basta ocultar conversas, apagar mensagens ou olhar para alguém como se você estivesse disponível. Não se trata apenas do físico, mas do emocional: de tudo o que você faz às escondidas, como se o seu parceiro não merecesse honestidade. Aquele flerte disfarçado de brincadeira, aquele "é só uma amiga" com desculpas demais, aquela necessidade de atenção externa quando já tem alguém que te ama de verdade... Isso também dói. Porque cada pequena decepção vai enfraquecendo o que foi construído com confiança. E mesmo que não haja gritos nem separações, o coração fica ressente. Ninguém merece ficar com alguém que brinca de solteiro enquanto diz estar em um relacionamento. Fidelidade não é só não tocar em outra pessoa. é também não ferir com atitudes que você sabe que quebrariam o outro se descobrisse. Porque o que é feito em segredo, mesmo que não consumado, já passou dos limites. 🌿 Nem Toda Infidelidade É Maldade (um contraponto necessário) É verdade que existem atitudes ...

O Milagre que Veio de Dentro De Você

  “ Deus sabe o que faz, então não era pra ser” – é, de fato, um mecanismo de consolo emocional , passado de geração em geração. Provavelmente foi ensinado com boas intenções, para acalmar o coração diante das frustrações da vida. Mas, ao mesmo tempo, ela pode se tornar uma crença limitante muito sutil. Ela coloca o poder fora da gente, como se tudo já estivesse predestinado e não tivéssemos nenhum papel criador. É como dizer: “Aceite a dor, não questione, não deseje diferente.” E isso pode nos acostumar com o sofrimento, sim — com relações mornas, com escassez, com doenças emocionais — porque “Deus quis assim.” Mas se algo não acontece, não é porque Deus recusou, mas sim porque existe algo em nós que bloqueia a recepção daquilo que pedimos. Isso nos devolve a responsabilidade — e o poder. Significa que, ao invés de nos resignarmos com um “não era pra ser”, podemos nos perguntar: O que em mim ainda está desalinhado com o Amor, com a Verdade, com a confiança plena no Bem? ...